Hermeth é um DJ produtor de electro, ghetto tech e breaks desde 2019, tendo assinado com o selo Brainwaves, sediado em Genebra, Suíça. Instagram
O álbum “Lost My Meth” (2020), do DJ Hermeth, traz uma proposta que combina um estilo musical pesado, experimental e ácido com um tom provocativo no próprio título.
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🎧 Estilo musical de Hermeth
Hermeth se posiciona dentro da cena eletrônica com forte influência do acid techno, acid house e breakbeat industrial. Algumas características marcantes:
Uso do sintetizador TB-303 (típico do acid techno), criando linhas de baixo distorcidas e repetitivas.
Ritmos rápidos, agressivos e hipnóticos, que remetem tanto ao underground europeu quanto a elementos do hard techno.
Texturas sonoras densas e abrasivas, que constroem uma atmosfera caótica, quase paranoica.
Remixes como o de “Chameleon – DJ Frankie Remix”, que expandem a sonoridade e conectam Hermeth a uma rede colaborativa da cena.
Esse estilo transmite uma energia quase cósmica e visceral, um mergulho em sons que oscilam entre a libertação do corpo (pela dança) e a opressão da máquina (pela repetição e dureza dos beats).
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O título “Lost My Meth” pode ser lido em camadas simbólicas:
Crítica à alienação – A metáfora da perda da “metanfetamina” não precisa ser literal, mas pode simbolizar a perda de um vício, de uma ilusão ou de uma muleta mental. É um título que carrega ironia: perder algo destrutivo pode ser, paradoxalmente, uma libertação.
Caos e transformação – A estética ácida da música reflete uma busca pela dissolução do eu, como se Hermeth traduzisse em som a experiência da desordem psíquica, próxima de conceitos de Nietzsche sobre a “necessidade do caos para gerar uma estrela dançante”.
O corpo como resistência – As batidas repetitivas funcionam como um mantra mecanizado, colocando o ouvinte em transe. Filosoficamente, isso ecoa Foucault e Deleuze: a música eletrônica como prática corporal que pode tanto aprisionar quanto libertar, dependendo do modo de escuta.
O camaleão como símbolo – A faixa “Chameleon” sugere adaptação e transformação, algo essencial à sobrevivência em um mundo instável. Filosoficamente, pode ser lido como a fluidez identitária do sujeito pós-moderno: nunca fixo, sempre em mutação.
O número “4C48” – soa como um código, um enigma. Pode remeter à desumanização tecnológica: a identidade do sujeito reduzida a um código maquínico. É a fusão entre humano e máquina, tema clássico do pensamento pós-humano.
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📌 Conclusão
“Lost My Meth” é mais do que um álbum de acid techno: é uma experiência estética de choque e transgressão. Hermeth trabalha o som como um ritual de desconstrução, onde o corpo se perde na repetição para talvez encontrar uma forma de catarse.
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