sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

REPROGRAMAÇÃO 08 01 2021

Poemas aos Homens do Nosso Tempo

de Hilda Hilst (1930-2004)

XIV

     Não há bombas limpas.
 
          Mário Faustino

 
Bombas limpas, disseram? E tu sorris
E eu também. E já vemos mortos
Um verniz sobre o corpo, limpos, estáticos,
Mais mortos do que limpos, exato
Nosso corpo de vidro, rígido
À mercê dos teus atos, homem político.
Bombas limpas sobre a carne antiga.
Vitral esplendente e agudo sobre a tarde.
E nós na tarde repensamos mudos
A limpeza fatal sobre nossas cabeças
E tua sábia eloqüência, homens-hiena
 
Dirigentes do mundo.

[REPROGRAMAÇÃO]

Hoje foi o dia de acompanhar o teatro político. Deixo uma estrofe de um poema para exprimir a minha raiva e a minha revolta diante do que escutei e assisti no dia de hoje.




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