quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

213 / SLAYER

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" 213"  – Slayer

Álbum: Divine Intervention (1994)

"213" é uma das faixas mais sombrias do álbum Divine Intervention (1994), do Slayer. O título faz referência ao apartamento 213, onde Jeffrey Dahmer (1960-1994), um dos mais notórios assassinos em série da história dos EUA, cometeu crimes horríveis, incluindo assassinato, necrofilia e canibalismo. A música mergulha na mente perturbada do serial killer, apresentando uma narrativa doentia e visceral.

A letra de "213" é uma das mais perturbadoras já escritas pelo Slayer. Diferente de outras músicas da banda que abordam a violência de forma mais abstrata ou histórica, essa canção adota um tom íntimo e psicológico, colocando o ouvinte dentro da mente de um predador sádico.

Os versos descrevem obsessão, desejo e atos de perversão, sempre com um tom frio e calculista. Não há um julgamento explícito do que está sendo narrado; a música apenas apresenta os pensamentos e ações de Dahmer, deixando para o ouvinte a reação de horror.

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Trechos impactantes da letra:

The lust of death, the only way
The thrill of the hunt, the blood, the body

Aqui, o desejo pelo assassinato e a busca pelo prazer sádico são descritos como um vício, um impulso irresistível.

Naked and lustful in my sights
Your flesh will quiver, your body hot

Neste trecho, a letra sugere um prazer distorcido ligado ao domínio sobre a vítima. Essa objetificação extrema é um reflexo do sadismo de Dahmer, que via suas vítimas como objetos para saciar seus desejos doentios.

I need a friend, please be my companion
I don't want to be left alone

A referência ao isolamento emocional de Dahmer é um dos pontos mais perturbadores da letra. Ele buscava criar um "companheiro perfeito", tentando transformar suas vítimas em zumbis por meio de lobotomias.

A letra, no geral, retrata a mente de um serial killer sem censura ou suavização, tornando-se uma das composições mais polêmicas e desconfortáveis do Slayer.

Musicalmente, "213" é uma das faixas mais atmosféricas e diferentes do Slayer. Enquanto a banda é conhecida por sua velocidade extrema e agressividade, esta música aposta em um tom mais lento e sombrio, com riffs arrastados e um clima de tensão constante.

Elementos musicais importantes:

  • Introdução macabra: Um riff inicial suave e sinistro, criando uma sensação de suspense. Isso contrasta com o peso tradicional do Slayer e prepara o ouvinte para algo psicologicamente denso.
  • Bateria cadenciada: Dave Lombardo (ou Paul Bostaph, que assumiu nesse álbum) usa uma abordagem mais controlada, sem as explosões típicas de blast beats. Isso contribui para um clima claustrofóbico e angustiante.
  • Vocais sussurrados: Em algumas partes, Tom Araya canta quase como se estivesse sussurrando, reforçando a sensação de que estamos ouvindo os pensamentos de um psicopata.
  • Refrão pesado e opressivo: Quando a música atinge seu ápice, os riffs se tornam mais pesados e repetitivos, simbolizando a obsessão incontrolável do personagem da música.

A composição da faixa mostra que o Slayer soube criar uma experiência sonora que vai além da violência física, explorando também a tensão psicológica e o horror.

A música "213" não é apenas um relato macabro sobre um serial killer. Ela expõe questões filosóficas profundas sobre a natureza do mal, a degradação moral e os impulsos humanos mais sombrios.

1. O Mal como algo natural ou construído?

A letra sugere um mal absoluto, que não precisa de justificativa. Diferente de outras músicas do Slayer que falam sobre guerra ou religião (temas em que a violência pode ser explicada pelo contexto histórico), "213" trata de uma maldade puramente pessoal e hedonista.

Isso levanta a questão: o mal é algo inerente ao ser humano ou é resultado de influências sociais e psicológicas? Dahmer cresceu em um ambiente relativamente normal, mas desenvolveu fantasias doentias desde a adolescência. Até que ponto fatores biológicos e psicológicos determinam esse tipo de comportamento?

2. A solidão e o desejo de controle

Jeffrey Dahmer não matava apenas por prazer: ele queria criar um companheiro perfeito. Essa obsessão por controle absoluto reflete uma angústia existencial extrema. Na filosofia existencialista, Sartre afirma que o ser humano busca significado em um universo sem sentido. Dahmer tentou dar sentido à sua vida de maneira grotesca, transformando pessoas em objetos de sua vontade.

Isso ressoa em uma crítica mais ampla à sociedade: o que acontece quando o desejo humano de conexão se torna patológico?

3. O Horror da Mente Humana

Slayer sempre explorou o lado mais sombrio da humanidade, mas em "213", eles foram além da brutalidade física e mergulharam no horror psicológico. A música nos força a encarar a realidade de que pessoas como Dahmer existem e que o mal pode estar mais próximo do que imaginamos.

Ao escutar essa música, somos colocados diante do abismo da consciência humana. Como Nietzsche disse:

"Se você olhar muito tempo para o abismo, o abismo olhará de volta para você."

"213" é uma das músicas mais perturbadoras e inovadoras do Slayer. Diferente da velocidade e da fúria características da banda, essa música usa a tensão e o peso psicológico para transmitir sua mensagem.

A abordagem da letra é tão realista e crua que a música se torna difícil de ouvir para alguns, mas esse é exatamente o ponto: ela não foi feita para ser confortável, e sim para desafiar o ouvinte a encarar os aspectos mais obscuros da mente humana.

A faixa é um exemplo perfeito de como o Slayer não apenas falava sobre violência, mas também explorava suas implicações filosóficas e psicológicas, consolidando a banda como uma das mais impactantes da história do metal.

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LETRA COMPLETA

213

Slayer


Driving compulsion morbid thoughts come to mind

Sexual release buried deep inside

Complete control of a prized possession

To touch and fondle with no objection

Lonely souls an emptiness fulfilled

Physical pleasures and addictive thrill

An object of perverted reality

An obsession beyond your wildest dreams


Death loves final embrace

Your cool tenderness

Memories keep love alive

Memories will never die


The excitement of dissection is sweet

My skin crawls with orgasmic speed

A lifeless object for my subjection

An obsession beyond your imagination

Primitive instinct a passion for flesh

Primal feeding on the multitudes of death

Sadistic acts a love so true

Absorbingly masticating a part of you


Death loves final embrace

Your cool tenderness

Memories keep love alive

Memories will never die


I need a friend

Please be my companion

I don't want to be

Left alone with my sanity


(Lead: Hanneman)


Erotic sensations tingle my spine

A dead doby lying next to mine

Smooth blue black lips

I start salivatingas we kiss

Mine forever this sweet death

I cannot forget your soft breaths

Panting excitedly with my hands around your neck

Shades are drawn

No one out can see

What I've done

What's become of me

Here I stand

Above all that's been true

How I love

How I love to kill you

("Divine Intervention")

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