▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃
Senjutsu (2021) – Iron Maiden
Lançado em 3 de setembro de 2021, Senjutsu é o 17º álbum de estúdio do Iron Maiden e representa mais um passo na jornada progressiva e épica que a banda vem explorando desde Brave New World (2000). Com um total de 82 minutos, distribuídos em duplo CD e vinil, o álbum é um dos mais longos da carreira do Maiden e apresenta uma abordagem grandiosa, com músicas extensas e atmosferas densas.
A capa do álbum, criada por Mark Wilkinson, traz Eddie como um samurai demoníaco, reforçando a temática de guerra, estratégia e resistência presente ao longo do disco.
Contexto Histórico e Político
O lançamento de Senjutsu ocorreu em meio a um mundo ainda impactado pela pandemia de COVID-19, que paralisou o setor de entretenimento e impediu grandes turnês por quase dois anos. A banda, assim como muitos artistas, precisou adiar seus planos e só revelou o álbum ao público depois que os shows começaram a retornar.
Musicalmente, o heavy metal clássico já não dominava mais as paradas, sendo frequentemente substituído por subgêneros mais modernos, como o metalcore e o djent. No entanto, o Iron Maiden continuou fiel ao seu estilo, apostando em narrativas épicas, melodias marcantes e arranjos progressivos.
A escolha do título Senjutsu, que significa "tática e estratégia" em japonês, reflete o momento vivido pela banda e pelo mundo: a necessidade de adaptação e planejamento diante de um cenário desafiador.
Faixa a Faixa
1. Senjutsu (8:20)
A faixa de abertura é sombria, épica e poderosa. Começa com uma introdução marcial, evocando a sensação de estar se preparando para a batalha. Os riffs são pesados e arrastados, algo incomum para uma faixa inicial do Maiden. A letra fala sobre resistência em tempos de guerra, com um tom quase apocalíptico.
2. Stratego (4:59)
Aqui temos uma música mais tradicional e direta. Com um ritmo acelerado e um refrão cativante, Stratego lembra os clássicos da banda. A letra fala sobre estratégia e superação, conceitos essenciais no universo samurai.
3. The Writing on the Wall (6:13)
O primeiro single do álbum surpreendeu muitos fãs ao trazer uma pegada country/blues no riff inicial, algo raro no Maiden. A música, no entanto, se desenvolve para um hard rock épico e reflexivo, abordando temas de queda de impérios e mudanças inevitáveis. O clipe animado trouxe uma forte crítica ao mundo moderno e sua destruição ambiental.
4. Lost in a Lost World (9:31)
Uma das faixas mais atmosféricas do álbum. A introdução melancólica dá lugar a um Maiden progressivo e grandioso. A letra reflete sobre a perda da identidade e o sentimento de deslocamento, um tema que ressoa com a crise existencial do mundo atual.
5. Days of Future Past (4:03)
A música mais curta do álbum, com um som direto e energético. O refrão pegajoso e os solos inspirados fazem dela uma das faixas mais acessíveis do disco. A letra parece inspirada na clássica HQ dos X-Men, mas também pode ser interpretada como uma reflexão sobre ciclos históricos e destino.
6. The Time Machine (7:09)
Bruce Dickinson brilha nesta faixa, que combina partes melódicas com momentos explosivos. A música sugere um tom místico, quase como se fosse um conto de ficção científica. A ideia de viajar no tempo pode ser uma metáfora para revisitar o passado e aprender com ele.
7. Darkest Hour (7:20)
Uma das faixas mais emocionantes do álbum. A melodia é melancólica e a letra fala sobre sacrifício e heroísmo em tempos de guerra, possivelmente inspirada na resistência britânica na Segunda Guerra Mundial. Os solos são carregados de sentimento, tornando esta uma das canções mais impactantes do disco.
8. Death of the Celts (10:20)
Claramente influenciada por The Clansman, esta música tem uma pegada folk celta, remetendo à cultura guerreira dos povos antigos. A construção da faixa é lenta e envolvente, aumentando de intensidade conforme a história se desenrola. A letra fala sobre a queda de um império, refletindo sobre o orgulho e a resistência.
9. The Parchment (12:39)
Uma das faixas mais longas do álbum, The Parchment é uma jornada épica. Com um clima denso e um andamento cadenciado, a música nos transporta para tempos antigos. A letra sugere intrigas palacianas e traições, como se fosse um conto medieval. Os solos são complexos e bem construídos.
10. Hell on Earth (11:19)
O encerramento perfeito para o álbum. Hell on Earth traz passagens introspectivas e crescendos emocionantes. A letra fala sobre o caos da civilização moderna e a necessidade de encontrar um propósito em meio à destruição. A estrutura da música lembra clássicos como Hallowed Be Thy Name e Rime of the Ancient Mariner.
Conclusão
Senjutsu é um álbum que exige paciência e atenção. Diferente dos clássicos mais diretos do Maiden, aqui a banda aposta em canções longas, narrativas épicas e um tom introspectivo. Para alguns fãs, a falta de músicas rápidas e agressivas pode ser um ponto negativo, mas para quem aprecia a fase mais progressiva da banda, o disco é uma obra-prima.
A escolha do conceito japonês de estratégia e resistência reflete não apenas a temática do álbum, mas também a própria jornada do Iron Maiden: uma banda que, após mais de 40 anos, continua inovando e se reinventando sem perder sua essência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário