A música “Court of the Matriarch” da banda escocesa Dvne é uma peça densa, épica e cheia de simbolismo, tanto na letra quanto na estética sonora. 3º faixa do álbum Etemen Ænka (2021).
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🎭 Temática da Letra
A letra mergulha em uma mitologia própria, com elementos que lembram ficções científicas e fantasia cósmica. Aqui estão os principais temas e símbolos:
Ascensão e Transcendência: Há uma ideia de superação da condição mortal — "Freed from our mortal shells / We'll lead our kind to the gates of Ænka" — que remete a rituais de passagem, elevação espiritual ou tecnológica.
Corte Celestial e Arquitetura Sagrada: Termos como “paths of marble”, “arches”, “plates of ivory and byzantine”, e “celestial paladins” sugerem uma cidade sagrada ou templo cósmico. O Etemenæ pode ser referência ao Etemenanki, o zigurate babilônico associado à Torre de Babel, ligando céu e terra.
A Matriarca: Título feminino divino, a Matriarch é chamada de Alpha, Architect of dawn eternal, sugerindo uma figura geradora, ancestral, talvez um ser criador. Ela preside essa civilização transcendida.
Linguagem simbólica: Palavras como Ezos Liniari, Ezos Transcendere, Ezos Eyota Valere parecem uma língua construída, reforçando a sensação de que estamos em outro mundo, ou em um futuro longínquo, onde novas religiões, castas e rituais foram formados.
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🏛️ Estética da Letra
A letra tem um tom grandioso, místico e futurista, com forte inspiração em civilizações antigas (como a babilônica) reinterpretadas num contexto sci-fi. Há uma fusão entre o arcaico e o tecnológico, algo comum em obras como Duna, Warhammer 40K ou Hyperion de Dan Simmons — onde civilizações pós-humanas reverenciam conhecimento e poder como entidades sagradas.
A estrutura da letra é fragmentada e evocativa, como se fossem fragmentos de escrituras sagradas, profecias ou cânticos litúrgicos.
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🎸 Estilo Musical (Dvne)
Dvne é uma banda de progressive sludge/post-metal com fortes influências de bandas como Mastodon, Neurosis, Baroness e Tool. Em “Court of the Matriarch”, a música combina:
Instrumentação pesada e atmosférica: Riffs densos e complexos, alternando com passagens mais calmas e espaciais.
Variações vocais: Vocais guturais e limpos, em camadas, que criam uma sensação de ritual ou narrativa épica.
Paisagens sonoras cinematográficas: Uso de sintetizadores e efeitos que evocam ambientes alienígenas ou sagrados.
Estrutura progressiva: Em vez de seguir a típica forma verso-refrão, a música evolui como uma jornada, com clímaxes e transições fluidas.
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🌀 Resumo da Interpretação
“Court of the Matriarch” é uma ode à transcendência de uma civilização rumo ao divino, liderada por uma entidade feminina poderosa — a Matriarca. A canção mistura estética religiosa, arquitetura sagrada e ficção científica para construir uma mitologia única. Dvne transforma esse conteúdo lírico em música pesada, progressiva e etérea, fundindo o épico com o brutal, o cósmico com o espiritual.
Se você gosta de bandas que constroem universos próprios — como The Ocean, Oranssi Pazuzu ou Cult of Luna — Dvne é um prato cheio.
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LETRA DA MÚSICA "COURT OF THE MATRIARCH"
Intro
We tread paths of marble
Prodigious spirals
Through arches, we glimpse true glory
verse
The city, radiant, rivals Suraya
Holy
Etemenae
Outshine the starlight
We built true glory
In plates of ivory and byzantine await celestial paladins
A divine court
The Gatekeeper presides
We best of kind
Ezos Liniari
We best of kind
Ezos Transcendere
The Matriarch
The Alpha
The Architect of dawn eternal
Our worth affirmed
We earned our thronеs amongst gods
Freed from our mortal shells
We′ll lead our kind to thе gates of Aenka
outro
Ezos Eyota Valere Ezos
Writer(s): Dudley Tait, Victor Vicart, Daniel Barter
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COMENTÁRIO DETALHADO DO VOCABULÁRIO
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Intro
Original: We tread paths of marble Prodigious spirals Through arches, we glimpse true glory
Tradução: Pisamos em caminhos de mármore Espirais prodigiosas Através de arcos, vislumbramos a verdadeira glória
Comentário:
- "We tread paths of marble": Sugere um caminho nobre, duradouro e possivelmente grandioso ou sagrado. O mármore remete a construções imponentes, templos, palácios – lugares de poder e beleza.
- "Prodigious spirals": "Prodigious" significa algo extraordinário, impressionante em tamanho ou grau. Espirais podem simbolizar crescimento, evolução, ciclos ou até mesmo uma ascensão para algo maior. A imagem evoca uma arquitetura complexa e impressionante.
- "Through arches, we glimpse true glory": Arcos são passagens, portais. "Glimpse" (vislumbrar) sugere que a glória ainda não foi totalmente alcançada ou revelada, mas já está ao alcance da vista, servindo como motivação. Há um senso de destino iminente e magnificência.
Verse
Original: The city, radiant, rivals Suraya Holy Etemenae Outshine the starlight We built true glory In plates of ivory and byzantine await celestial paladins A divine court The Gatekeeper presides We best of kind Ezos Liniari We best of kind Ezos Transcendere The Matriarch The Alpha The Architect of dawn eternal Our worth affirmed We earned our thrones amongst gods Freed from our mortal shells We′ll lead our kind to the gates of Aenka
Tradução: A cidade, radiante, rivaliza com Suraya Sagrada Etemenae Supera o brilho das estrelas Construímos a verdadeira glória Em placas de marfim e bizantinos aguardam paladinos celestiais Uma corte divina O Guardião preside Nós, os melhores da espécie Ezos Liniari Nós, os melhores da espécie Ezos Transcendere A Matriarca O Alfa O Arquiteto da aurora eterna Nosso valor afirmado Conquistamos nossos tronos entre deuses Libertos de nossas conchas mortais Lideraremos nossa espécie aos portões de Aenka
Comentário:
- "The city, radiant, rivals Suraya": "Suraya" é um nome poético para as Plêiades, um aglomerado de estrelas conhecido por seu brilho. Comparar a cidade às Plêiades eleva-a a um patamar cósmico, celestial, de beleza e luminosidade incomparáveis.
- "Holy / Etemenae": "Holy" reforça o caráter sagrado da cidade ou da construção. "Etemenanki" (o nome provavelmente referenciado por "Etemenae") é o nome de um zigurate sumério dedicado a Marduk, que se acredita ter sido a inspiração para a Torre de Babel. A referência aqui eleva a cidade a um status lendário, ancestral e monumental, ligando-a a feitos de construção que desafiam os céus.
- "Outshine the starlight": Reitera a grandiosidade da cidade, que brilha mais do que os próprios astros.
- "We built true glory / In plates of ivory and byzantine await celestial paladins": "Plates of ivory" (placas de marfim) e "byzantine" (bizantino) evocam riqueza, artefatos preciosos e uma arquitetura complexa, suntuosa e atemporal. "Celestial paladins" (paladinos celestiais) sugere guerreiros ou defensores divinos, aguardando ou servindo a essa glória construída.
- "A divine court / The Gatekeeper presides": A ideia de uma "corte divina" reforça a presença de seres superiores ou divinizados. O "Gatekeeper" (Guardião) é uma figura de autoridade que controla o acesso a esse reino ou dimensão, sugerindo um limiar a ser cruzado.
- "We best of kind / Ezos Liniari / We best of kind / Ezos Transcendere": A frase "We best of kind" (Nós, os melhores da espécie) expressa um elitismo ou um senso de superioridade. "Ezos Liniari" e "Ezos Transcendere" parecem ser termos próprios, talvez nomes de linhagens, ordens ou categorias dentro dessa "espécie superior".
- "Liniari": Pode derivar de "linear", sugerindo uma linhagem, uma sequência ou uma ordem estabelecida.
- "Transcendere": Obviamente de "transcender", indicando a capacidade de ir além dos limites, de superar a condição comum, de ascender a um nível superior. Isso reforça a ideia de evolução ou divinização.
- "The Matriarch / The Alpha / The Architect of dawn eternal": São títulos de grande poder e autoridade, indicando figuras de liderança suprema dentro desse grupo.
- "Matriarch": Líder feminina, mãe fundadora ou figura ancestral.
- "Alpha": O líder principal, o primeiro, o dominante.
- "Architect of dawn eternal": Alguém que não apenas planeja ou constrói, mas que dá origem a um novo e perpétuo começo, uma era sem fim, implicando um poder quase divino sobre o tempo e a criação.
- "Our worth affirmed / We earned our thrones amongst gods": Expressa a justificação de sua posição elevada. Eles não apenas são poderosos, mas mereceram sua divinização, alcançando o mesmo patamar dos deuses.
- "Freed from our mortal shells / We′ll lead our kind to the gates of Aenka": O ápice da ascensão. "Freed from our mortal shells" (libertos de nossas conchas mortais) indica imortalidade, transcendência da forma física ou morte em um sentido de passagem para outro plano. "Aenka" é provavelmente um nome de um reino, um paraíso, um novo mundo ou uma dimensão elevada para onde eles guiarão seu povo, consolidando seu papel de líderes divinos.
Outro
Original: Ezos Eyota Valere Ezos
Tradução: Ezos Eyota Valere Ezos (Mantido no original, pois são termos próprios)
Comentário:
- "Ezos Eyota Valere Ezos": Esta frase final parece ser um cântico, um mantra ou uma declaração ritualística, utilizando os termos próprios já introduzidos ("Ezos") e um novo ("Eyota Valere").
- "Eyota": Pode ser um adjetivo, um nome de um aspecto ou uma qualidade associada a "Ezos".
- "Valere": Do latim, significa "estar forte", "ter valor", "ser poderoso", "ser capaz". Sugere força, excelência e um estado de bem-estar ou poder.
A repetição de "Ezos" em combinação com "Valere" reforça a ideia de que essa "espécie" ou "linhagem" é forte, poderosa e digna, talvez sendo uma afirmação de sua identidade e destino. A frase serve como um selo ou uma invocação final da essência do grupo.
No geral, a letra retrata uma narrativa de ascensão, poder e predestinação. Um grupo (os "We") alcança um status divino através de sua própria construção e inteligência, libertando-se das limitações mortais para guiar seu povo a um novo e glorioso destino. O tom é de triunfo, majestade e um certo mistério em torno dos termos "Ezos".
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