quarta-feira, 30 de julho de 2025

PASSAGEIROS (2008)

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Passengers de 2008, estrelado por Anne Hathaway e Patrick Wilson, não é muito conhecido, e talvez por um bom motivo. Embora tente ser um suspense psicológico com toques de mistério, ele se perde em um roteiro confuso e uma execução que não consegue sustentar suas ambições.

Pontos Positivos

A atuação de Anne Hathaway: Mesmo com um roteiro fraco, Anne Hathaway entrega uma performance convincente como Claire Summers, uma terapeuta que lida com os sobreviventes de um acidente aéreo. Ela consegue transmitir a fragilidade e a determinação de sua personagem, sendo um dos poucos pontos luminosos do filme.

A premissa intrigante (inicialmente): A ideia de um grupo de sobreviventes de um acidente aéreo que não se lembra de detalhes cruciais e a terapeuta que tenta desvendar o mistério é, a princípio, bastante interessante. Há um potencial para um thriller psicológico com elementos de trauma e memória.

A atmosfera de mistério: Nos primeiros atos, o filme consegue criar uma certa atmosfera de mistério e desconfiança entre os personagens, o que prende a atenção do espectador na tentativa de descobrir o que realmente aconteceu.

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Pontos Negativos

Roteiro confuso e clichê: O maior problema de Passengers é o seu roteiro. O mistério que ele tenta construir é resolvido de uma forma bastante previsível e clichê, tornando a reviravolta final decepcionante e frustrante. As interações entre os personagens muitas vezes soam artificiais, e o desenvolvimento da relação entre Claire e Eric (Patrick Wilson) é apressado e pouco crível.

Ritmo irregular: O filme tem dificuldades em manter um ritmo constante. Há momentos de tédio intercalados com tentativas forçadas de criar tensão, o que prejudica a imersão do espectador.

Personagens pouco desenvolvidos: Além de Claire, os outros sobreviventes são unidimensionais e servem apenas como peças no quebra-cabeça do roteiro. Não há tempo suficiente para o público se conectar ou se importar com eles.

Possíveis interpretações simbólicas do roteiro

O Plano Astral e a Transição: A premissa central do filme — a confusão e a falta de memória dos sobreviventes, a dificuldade em se comunicar com o mundo exterior e a presença de uma figura "guia" (Claire) — pode ser vista como uma representação simbólica do plano astral ou da transição após a morte física. No esoterismo, acredita-se que almas recém-desencarnadas podem ficar confusas, presas em um limbo de memórias e emoções, sem plena consciência de sua nova realidade. A incapacidade de perceber a morte pode ser uma projeção da negação ou da falta de compreensão sobre o pós-vida.

O Guia Espiritual (ou Anjo da Morte): A personagem de Claire, que tenta "ajudar" os passageiros a se lembrarem e a "aceitarem" a verdade, pode ser interpretada como um guia espiritual, um psicopompo ou até mesmo um Anjo da Morte disfarçado. Ela é a ponte entre a realidade material (dos vivos) e a realidade espiritual (dos que partiram). A forma como ela os aborda, individualmente, para que enfrentem suas verdades internas, lembra o processo de revisão de vida que, segundo algumas tradições esotéricas, ocorre após a morte.

A Ilusão da Realidade e o Despertar: A incapacidade dos passageiros de perceberem que estão mortos reflete a ilusão da realidade material que é um conceito fundamental em muitas filosofias esotéricas. A busca por "lembranças" para reconstruir a narrativa de suas vidas pode ser vista como a alma tentando integrar suas experiências passadas para transcender o plano atual. O "despertar" para a verdade é o momento de iluminação, onde a alma finalmente aceita sua nova condição e pode prosseguir em sua jornada espiritual.

O Acidente como Limiar: O acidente aéreo em si não é apenas um evento físico, mas um limiar simbólico. É o ponto de não retorno, a porta para uma nova existência. Em diversas tradições, acidentes ou eventos traumáticos são vistos como catalisadores para transformações profundas ou como o momento de transição de um estado de consciência para outro.

A Cura do Trauma (Pós-Morte): O trabalho de Claire como terapeuta pode ser transposto para a ideia de cura espiritual pós-morte. Os passageiros ainda carregam traumas e pendências de suas vidas terrenas. O processo de "terapia" de Claire os ajuda a confrontar esses medos e arrependimentos, permitindo-lhes encontrar paz e seguir em frente, o que se alinha com a crença de que almas podem precisar resolver questões pendentes antes de avançarem para níveis mais elevados de existência.

Em suma, Passengers é um filme com uma premissa promissora que se perde em sua própria execução. Embora Anne Hathaway entregue uma boa performance, o roteiro previsível e a falta de profundidade impedem que ele se torne um suspense memorável. No entanto, para aqueles com uma lente esotérica, o filme oferece um terreno fértil para reflexões sobre a morte, o plano astral e a jornada da alma.

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OBSERVAÇÃO: A quais filosofias esotéricas você se referiu ao comentar sobre a ilusão da realidade e o despertar

Ao comentar sobre a ilusão da realidade e o despertar no contexto do filme Passengers e suas interpretações esotéricas, eu me referia a conceitos presentes em diversas filosofias e tradições, como:

Hinduísmo e Vedanta: A ideia de Maya é central no hinduísmo, especialmente na escola Vedanta. Maya não é necessariamente uma ilusão no sentido de "não existir", mas sim uma realidade que percebemos de forma incompleta ou distorcida. O mundo material é visto como Maya, uma manifestação da Consciência Divina que obscurece nossa verdadeira natureza (Atman/Brahman). O despertar (ou moksha) seria a libertação dessa ilusão, percebendo a unidade de Atman (o eu individual) com Brahman (o Absoluto).

Budismo: Embora não usem o termo "Maya" da mesma forma, o budismo ensina a natureza impermanente e insubstancial de todos os fenômenos (Anicca, Anatta, Dukkha – impermanência, não-eu, sofrimento). A realidade que percebemos é construída por nossos sentidos e mente, e apegamo-nos a essa construção como se fosse intrinsecamente real. O despertar (Bodhi) é a compreensão dessa verdade e a libertação do sofrimento através do desapego e da iluminação.

Gnosticismo: Diversas correntes gnósticas, especialmente no início do cristianismo, viam o mundo material como uma criação imperfeita de uma divindade inferior (o Demiurgo), não do Deus supremo e verdadeiro. A humanidade estaria aprisionada nesse mundo material, ignorante de sua verdadeira origem divina. O gnosis (conhecimento) era o despertar para essa verdade, um conhecimento esotérico que libertaria a alma da prisão material.

Hermetismo: As leis herméticas, como "Assim como é em cima, é embaixo", sugerem que a realidade é espelhada em múltiplos planos. O mundo material que percebemos é apenas uma camada, e a verdadeira compreensão vem de perceber as conexões e a natureza energética de tudo. O despertar é a elevação da consciência para compreender esses princípios universais e a interconexão de tudo.

Teosofia e Rosacruz: Essas tradições esotéricas modernas, que buscam sintetizar a sabedoria de diversas fontes antigas, também abordam a ideia de que a realidade física é apenas uma das muitas dimensões e que nossa percepção é limitada. O despertar é um processo gradual de expansão da consciência para compreender essas outras realidades e aprofundar o autoconhecimento.

Em resumo, a "ilusão da realidade" em um contexto esotérico refere-se à crença de que a realidade material que percebemos com nossos sentidos é apenas uma parte da verdade, ou uma representação distorcida dela. O "despertar" é o processo de transcender essa percepção limitada, alcançando um nível mais profundo de compreensão e consciência sobre a verdadeira natureza da existência e do eu.


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