segunda-feira, 14 de julho de 2025

OM

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A banda Om é um projeto musical norte-americano que transita entre o drone metal, o stoner rock, o doom metal e o espiritualismo místico oriental. Fundada em 2003 por Al Cisneros (baixo e vocais) e Chris Hakius (bateria), ambos ex-integrantes da lendária banda de stoner/doom Sleep, o Om nasceu com uma proposta minimalista e meditativa, buscando a transcendência por meio de repetições rítmicas, letras esotéricas e paisagens sonoras hipnóticas.

A seguir, uma análise estética e conceitual de cada um dos álbuns citados:


🎧 "Variations on a Theme" (2005) 

🧱 Formação minimalista, som massivo

Este disco é o primeiro registro da dupla formada por Al Cisneros (baixo e vocais, ex-Sleep) e Chris Hakius (bateria, também ex-Sleep). A formação enxuta não impede que o som da banda seja denso, meditativo e hipnótico. Ao contrário: a ausência de guitarra obriga o ouvinte a mergulhar profundamente nas nuances do baixo distorcido e na bateria ritualística.

🕉️ Estética espiritual e repetitiva

Desde o título, “Variations on a Theme”, o álbum sugere um processo de contemplação e variação sonora, quase como um mantra. O baixo de Cisneros conduz longos riffs repetitivos que não cansam — pelo contrário, induzem o ouvinte a um estado alterado de consciência. As letras (poucas, quase sempre entoadas como cânticos) remetem à simbologia mística, religiosa e transcendental, com fortes influências do hinduísmo, sufismo e gnosticismo.

🕰️ Três faixas longas

O disco contém apenas três faixas, cada uma com mais de dez minutos:

  1. "On the Mountain at Dawn" – Uma introdução lenta e poderosa, que estabelece o clima meditativo do álbum. O riff soa como um mantra: constante, repetido, mas sutilmente transformado ao longo do tempo.

  2. "Kapila’s Theme" – Referência ao sábio hindu Kapila, essa faixa é mais arrastada, densa e com uma carga espiritual ainda mais evidente.

  3. "Annapurna" – Nome da deusa hindu da nutrição e da montanha do Himalaia, encerra o álbum com um tom solene e ritualístico.

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📀 Conference of the Birds /Conferências das Aves (2006)

Formação:

  • Al Cisneros (baixo, vocais)

  • Chris Hakius (bateria)

Estética e som:
O segundo álbum do Om aprofunda o minimalismo do trabalho anterior ("Variations on a Theme") e já aponta para a direção transcendental da banda. É composto por apenas duas faixas longas: “At Giza” e “Flight of the Eagle”. Ambas são estruturadas com repetições hipnóticas, letras carregadas de referências espirituais e religiosas, e um baixo que pulsa como um mantra.

Conceito:
O título do álbum é uma clara referência ao poema místico persa "The Conference of the Birds", de Farid ud-Din Attar, que trata da busca espiritual pela verdade divina. O álbum evoca o sentimento de jornada interior, meditação e contemplação.

Curiosidade:
Apesar da instrumentação simples (baixo e bateria), o álbum é extremamente atmosférico, com uma forte influência da música sufi, do canto gregoriano e de mantras budistas.


📀 Pilgrimage /Peregrinação (2007) 

Formação:

  • Al Cisneros (baixo, vocais)

  • Chris Hakius (bateria)

Estética e som:
Neste terceiro álbum, o Om refina sua estética ainda mais. A produção ficou a cargo de Steve Albini, conhecido por seu trabalho cru e direto, o que deu ao álbum uma sensação mais "terrena" dentro da sua busca espiritual.

A música é lenta, arrastada, com passagens quase silenciosas que aumentam gradualmente em densidade e volume, criando climas de ascensão espiritual.

Conceito:
O título e a temática continuam a explorar a ideia de jornada espiritual. “Pilgrimage”, como o nome indica, simboliza o caminho do buscador, do iniciado. A música sugere movimento interno, renúncia e ascensão.

Curiosidade:
Este foi o último álbum com Chris Hakius antes de ele deixar a banda. Seu estilo de bateria é muito presente — quase ritualístico —, fazendo com que este álbum seja considerado por muitos fãs como o fechamento de um ciclo importante na sonoridade do Om.


📀 God is Good / Deus é bom (2009)

Formação:

  • Al Cisneros (baixo, vocais)

  • Emil Amos (bateria, percussão)

  • Colaborações com instrumentos de sopro e cordas

Estética e som:
Este álbum marca a chegada de Emil Amos (do Grails) na bateria, o que trouxe uma nova dimensão percussiva e textural à banda. "God is Good" introduz novos instrumentos como tambura, flauta, tabla e violino, o que enriquece o som com influências claras da música do Oriente Médio, indiana e persa.

A música se torna menos repetitiva e mais dinâmica, embora mantendo a vibração espiritual. As letras evocam elementos místicos, religiosos e cósmicos.

Conceito:
O título “God is Good” pode ser lido como uma afirmação devocional ou como uma provocação metafísica. O álbum parece focar em uma espécie de louvor contemplativo, com a presença divina sendo sentida através das texturas sonoras.

Curiosidade:
Essa fase marca uma transição: Om deixa de ser apenas uma banda minimalista e passa a ser um projeto multicultural e multissensorial, quase como um ritual ao vivo.


📀 Advaitic Songs /Canções Advaíticas (2012) 

Formação:

  • Al Cisneros (baixo, vocais)

  • Emil Amos (bateria, percussão, instrumentos adicionais)

  • Convidados: violoncelo, canto feminino, tabla, instrumentos orientais

Estética e som:
Talvez o álbum mais ambicioso da banda, "Advaitic Songs" é uma obra-prima mística. O termo “advaitic” vem do sânscrito “Advaita”, que significa não-dualidade — um conceito fundamental no hinduísmo, especialmente na filosofia Vedanta. Aqui, Om atinge um novo patamar: canções mais longas, composições ricamente ornamentadas, com vocais femininos etéreos, cantos gregorianos, e instrumentação clássica e oriental.

A música se move com extrema calma, como um rio espiritual. É um disco meditativo, sagrado, como uma trilha sonora para um templo.

Conceito:
A busca agora é pela união com o divino, pela iluminação plena. O álbum é quase um tratado espiritual em forma musical, misturando referências cristãs, hindus, islâmicas e budistas.

Curiosidade:

  • A canção “Addis” traz vocais em árabe.

  • Algumas capas e títulos evocam manuscritos sagrados.

  • O disco é frequentemente citado como o ponto alto da banda, por unir minimalismo, psicodelia, doom e espiritualismo com maestria.


🌌 Estética Geral da Banda Om

A estética do Om é um cruzamento entre:

  • Misticismo oriental e ocidental

  • Minimalismo musical e transcendência

  • Doom metal e espiritualidade

Visualmente, suas capas geralmente apresentam arte sacra, manuscritos antigos, símbolos religiosos ou imagens que evocam o silêncio contemplativo. O nome da banda ("Om") é retirado do mantra sagrado hindu, considerado o som primordial da criação, o que resume bem a proposta sonora e filosófica do grupo.


🔮 Curiosidades Finais:

  • Al Cisneros é vegetariano, espiritualista e estuda teologias orientais e ocidentais. Isso influencia fortemente suas composições.

  • A banda tem poucos álbuns, mas cada lançamento é meticulosamente planejado, com conceitos profundos.

  • Os shows ao vivo do Om são considerados verdadeiras experiências espirituais, com som alto, denso e quase ritualístico.

  • O Om nunca buscou fama comercial. Seus lançamentos são voltados a um público que aprecia experiências musicais introspectivas e místicas.


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